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A mostrar mensagens de abril, 2010

Formação em Lança-Bóias (aceitam-se inscrições!)

Quando me ponho a pensar na escolha que fiz para a minha vida profissional, tenho a certeza que fiz a escolha certa na hora certa. No entanto, um dia gostava de poder tirar uma formação complementar que me permitisse aperfeiçoar a competência de Lança-Bóias! Eu conheço algumas pessoas que o fazem perfeitamente e neste momento tenho aprendido muito com elas. As Lança-Bóias da vida, lançam as bóias necessárias para salvarem pessoas especiais de sucessivos naufrágios, sobretudo naqueles momentos em que tudo à volta é mar e quando é reduzida a esperança de alcançar as estrelas. São as Lança-Bóias que dão vida, coragem, ar para poder respirar os obstáculos de cada dia. São elas que mostram que o coração pode ser um lugar muito maior do que o mundo. Mostram que também existem coisas boas, nobres e generosas a acontecer todos os dias sem sequer nos apercebermos. São elas que tornam lúcidas as decisões sobre o que queremos ter, ser ou dar. Um dia, quero ser Lança-Bóias (assim como elas) para p...

Pétala

Foi pétala de uma flor forte, alegre e destemida. Foi pétala ardente, queimando de tão quente... Ora de tristeza, ora de amor! O sol que me deu vida Foi o mesmo que me matou. Fez de mim pétala de cinza, Largada ao vento que me levou! Sou cinza desfeita, maltratada e rejeitada que tombou da sua flor! Sou pétala que se desfez. Toda eu, cinza e nada, Vítima de um mau caçador Ao cair da alvorada!

ANESTESIA

Agrestes são os momentos sombrios que paralisam Naqueles momentos em que o peito rasga e apodrece. Estranhamente sinto que não sinto, sou zoombie a divagar Sabendo de antemão que já estou morta mesmo antes de o estar. Trago cá dentro a imensidão do vazio, o gosto horrível a fel, Embalo agreste, triste e frio que me invade sem pedir permissão. Sobram restos de mim nos locais por onde passei e levo na garganta aquele laço que me sufoca o respirar... Invento formas de não mais existir, não como para fraquejar e sucumbir; A minha fraqueza torna-me mais fraca e sinto que estou farta de andar aqui só por andar! 7-4-2010

Amarga doçura

Dei de mim todo o sumo Que extrai destes olhos suculentos Essa fonte de riqueza Onde desaguaram os meus tomentos! Dei de mim todo o gesto de carinho Que aprendi do doce toque de minha mãe. Essa fragrância que me embala, Me adormece e me sustem! Meu amor gerou amor! Á vida dei mais cor, Mesmo àqueles que, depois, abandonei...

Dizem “eu amo”!

Dizem “eu amo”! Dizem alguns e algumas por aí... Mas será que amam mesmo ou é algo tão passageiro como a nuvem enegrecida que descarrega sobre a terra aquilo que lhe dá vida? A nuvem também devia amar a chuva. Também devia amá-la verdadeiramente carregando em si o fardo daquele peso e daquele negrume... Mas quem diz que ama, também é assim... Também foge e se acovarda, também descarrega sobre os outros a coisa tão amada e desejada de que tanto tempo gastou a falar e a investir! Continuarão a dizer “eu amo” mesmo que esse momento febril passe! Vão sempre dizer “eu amo” de pessoa em pessoa, até que o momento da vida não os permita mais ser nuvem... não os permita mais ser nuvem passageira que escolhe estrategicamente onde quer despejar suas águas molhadas... Muitos continuarão a amar as gotas de outra nuvem, por serem mais brilhantes e mais azuis, porém viverão com aquela que se privou de soltar suas gotas para contemplar os dias de sol. Chamam-lhe natureza mas eu chamo-lhes decepção! Há...

ACONCHEGO

Enrolo-me em mim mesma. Cubro a cabeça com o meu fio de cabelo E nas feridas ponho as pontas de cada dedo Para não esquecer nunca o que aprendi nas quedas da vida! Grito para dentro de mim Para que a multidão não ouça o meu gemido Para não quebrar o silencio desse barulho ensurdecedor. Sinto-me nua, corpo despido! E no meu grito e em mim sinto-me num sossego... Cada lágrima, cada lembrança carregadas de sentido! Enrolo-me e grito e ninguém olha para mim. Meu ar de fortaleza não é aflito! Abraço-me sozinha na imesidão do mundo E sinto a terra que piso desabar em mim Num golpe inesperado e profundo. Caio, então, nesse poço imenso... Nessa cama, nesse berço Que inesperadamente surge para me aconchegar! Caio! E na queda sinto a solidão Mas ao mesmo tempo, o sessego! Sinto as chamas do vulcão Naquela queda infinita Que me rasga o coração! Caio em mim, cansada de mim mesma Procuro perceber o que me faz fracassar E descubro fracamente que sou forte! Que procuro o meu colo, para de noite, me f...

Des(afectos)

Tenho tanta vida em mim erguida, Tanta sede de dar e viajar em mim mesma, Que me perdi em desafectos, Que me desfaço em bocados Desta viagem que faço sem saber para onde vou... Viajo em mim mesma, Percorro-me, transformo-me, E desconheço-me! Levaram-me o toque, a ternura. Aquele jeito singelo de quem sente E passou a ser pó, toda eu sonâmbula... Desafectos e mais desafectos! Sentir que não sinto nada... Não ouço a maior gargalhada Nem rio com a maior piada... Desafectos... alma talhada! Desafectos, estou certa... Sou desafecta e parto sem direcção na vida absoleta... Desafectos para sempre... deixei de ser crente!

Promiscuidades

Foram-se todos os momentos de entrega pura e sentimental. Foram os vestígios do meu toque como quem toca com ternura. Foram as sedentas noites daquilo a que chamei de amor. Foram os encontros gastos pelos corpos vazios. Foram os suspiros, as sensibilidades, os gemidos que faziam doer a alma. Foram as saudades, a nostalgia, o sonho do reencontro. Foram simplesmente... E fizeram renascer um novo “eu”! Ergueu-se sobre mim o desejo carnal, aquela tentação que não vou mais abafar ou encobrir entre as calças. Ergueu-se o sangue fervente em minhas veias, O animal mais animal que há em mim... Ergueu-se a anarquia, a ausência de sentimentos, A procura do prazer, do tesão... Ergueu-se a predadora adormecida, a bela e perigosa que agora é abutre também! Ergueu-se o meu corpo nu sobre todas as coisas e parto nesta luta de atingir a Animalidade plena: de ser bichinho para mim e em mim... de ser bichinho insaciado, bichinho sedento e esfomeado, bichinho carnívoro e in...