ACONCHEGO

Enrolo-me em mim mesma.
Cubro a cabeça com o meu fio de cabelo
E nas feridas ponho as pontas de cada dedo
Para não esquecer nunca o que aprendi nas quedas da vida!

Grito para dentro de mim
Para que a multidão não ouça o meu gemido
Para não quebrar o silencio desse barulho ensurdecedor.
Sinto-me nua, corpo despido!
E no meu grito e em mim sinto-me num sossego...
Cada lágrima, cada lembrança carregadas de sentido!

Enrolo-me e grito e ninguém olha para mim.
Meu ar de fortaleza não é aflito!
Abraço-me sozinha na imesidão do mundo
E sinto a terra que piso desabar em mim
Num golpe inesperado e profundo.

Caio, então, nesse poço imenso...
Nessa cama, nesse berço
Que inesperadamente surge para me aconchegar!

Caio! E na queda sinto a solidão
Mas ao mesmo tempo, o sessego!
Sinto as chamas do vulcão
Naquela queda infinita
Que me rasga o coração!

Caio em mim, cansada de mim mesma
Procuro perceber o que me faz fracassar
E descubro fracamente que sou forte!
Que procuro o meu colo, para de noite, me fortalecer... me aconchegar!

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