Sozinha
Quando me perguntam "Estás sozinha?".
Apetecia-me responder de forma longa e profunda a esta questão que pode conter tanto algo de inquietação, como de admiração ou mesmo de preconceito.
Acabo por dar uma resposta breve. Tão breve quanto a pergunta em si "Eu nunca estou sozinha." Mas o que me apetecia mesmo era gritar e dizer que estou na minha melhor companhia e que ninguém melhor do que a minha presença para dialogar e reflectir sobre o mundo á minha volta. Tão bom sentir o calor do meu corpo vivo, a minha respiraçao a vibrar de vida e todas as nuances de sentidos metafóricos e sonhos sonhados e vividos que me invadem. O toque da minha mão na minha mão, toda a fábrica do meu pensamento, uma fonte inesgotável de presenças ausentes que vou limando numa marinada de saudade e de desprezo. São os flashes das recordacões perdidas junto com a ânsia de algo maior que virá. E toda uma caravela de sonhos em alto mar que ora vão vingando, ora naufragando. Por dentro eu danço mesmo estando estática. E meu corpo vibra mesmo parecendo longe. Dentro de mim ocorrem mutações constantes de vivências por descobrir. O tesouro de se redescobrir a cada dia. A tatuagem de sorriso maroto e feliz explícito no meu rosto. A música. O vinho. A vida. O diário de bordo imaginário da minha vivência escrito em volumes infindáveis nos confins da minha alma. Um mergulho em alto mar sem retorno á superficíe. Como se estivesse sempre a sonhar. Sozinha? Nunca! Apenas na minha!
5-10-2016
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