Saudade

Quanta Saudade me invade na distância
E nas noites mortas em que me deito
Ocorre-me a velha lembrança.

Meu Avô tinha na vida a sabedoria
E em suas mãos o dom de criar.
No coração, o lado arrojado de caçador
E no sorriso aquela doçura de encantar.

De dia era guia e levava-me a passear,
ensinava-me os truques da natureza
E em toda essa clareza
Foi meu professor sem eu pensar!

Falou-me do sol, da lua e da maré.
Dos cães, dos gatos e passarinhos
E hoje percebo de mansinho
Que Avô é igual a Carinho

De noite era meu segurança
Onde depositava toda a confiança
Para que meus fantasmas de criança
Não me viessem atormentar...

E quando acordava num choro,
encontrava meu Avô tesouro
Que me embalava de volta ao sono.

Guardo no meu peito a saudade
da lambeca doce no centro da cidade.
Dos jogos de cartas amigáveis
Desses encontros intermináveis...
Que nunca pensei que fossem acabar!

E minha mente é o lugar de lembrança
onde vou rebuscar estes momentos
para que esta nossa distância
pareça menos...
E meu coração tem-no sempre por perto
porque identifico num compasso
cada pedaço seu que passeio,
cada local que me leva a ele, por onde passo...

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