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A mostrar mensagens de maio, 2010

Eu vi...

Eu vi... Preconceitos no ar numa noite de cantaria! Vi velhos e novos juntos ao som de uma guitarra Vi na música a união de um povo E nos olhares, as histórias passadas... Eu vi! Naquela noite de suposta alegria Um velhinho que tanto dançava Como depois se sentava e seu olhar se perdia... Vi naquele olhar a nostalgia, As saudades da juventude sugando-lhe a memória Um vazio que ele mesmo semeava! Vi o olhar penoso de não conseguir acompanhar a dança, a música, a folia... Vi-lhe no olhar a vontade de ter menos 30 anos; De poder dançar livremente Poder convidar ardentemente a mais bela para seu par Numa daquelas noites quentes africanas onde as lembranças o faziam desaguar! Eu vi... homens e mulheres enamorados, vi pessoas bonitas dando abraços, beijos de ternura e carinho mas nunca na vida vi tanta felicidade como dar a mão à idade e pensar: " Espero um dia ser velhinha e ter histórias para contar e que surja um jovem ao longe que se coloque no meu lugar!" ao Sr. Jaime

Saudade

Quanta Saudade me invade na distância E nas noites mortas em que me deito Ocorre-me a velha lembrança. Meu Avô tinha na vida a sabedoria E em suas mãos o dom de criar. No coração, o lado arrojado de caçador E no sorriso aquela doçura de encantar. De dia era guia e levava-me a passear, ensinava-me os truques da natureza E em toda essa clareza Foi meu professor sem eu pensar! Falou-me do sol, da lua e da maré. Dos cães, dos gatos e passarinhos E hoje percebo de mansinho Que Avô é igual a Carinho De noite era meu segurança Onde depositava toda a confiança Para que meus fantasmas de criança Não me viessem atormentar... E quando acordava num choro, encontrava meu Avô tesouro Que me embalava de volta ao sono. Guardo no meu peito a saudade da lambeca doce no centro da cidade. Dos jogos de cartas amigáveis Desses encontros intermináveis... Que nunca pensei que fossem acabar! E minha mente é o lugar de lembrança onde vou rebuscar estes momentos para que esta nossa distância pareça menos... E me...

Coração Sem Dono

O Amor chega sem bater à porta E pouco se importa Qual o espaço no Coração! Ele fica entrando, então! E quanto você se apercebe Já há alguém morando lá dentro Que aos poucos lhe dá alento Ainda que na caminhada do tempo Seu peito saia machucado, partido no chão! O Amor chega assim: bem suavezinho Como o sol queimando num dia de Verão! O Amor chega trazendo força ao seu Ser, Brilho no seu olhar, Energia de consumir, ter e possuir Nesse jeito bonito e singelo, Dessa vontade ardente de querer entranhadamente Amar para preencher! O Amor chega chegando... E vai-se apoderando. Por vezes, partindo... E o Amor assim vai indo De mão em mão, De gesto em gesto, De coração em coração... Gasto pelo tempo da emoção De uma nova entrega ou diversão! E o Amor parte assim... Uma vezes chorando, Noutras vezes sorrindo! Mas ele parte Sempre De mansinho ou apressadamente. Ele fica se distanciando de um coração Mas no foco de sua direcção Já tem outro amor esperando! E ele chega de novo a outro porto, Outra...

Corações Amantes, Almas Gigantes

Coração Amante que vive deslumbrante nessa paixão acesa de vencer! Um Coração que vive e sobrevive, Que morre e rescuscita! Um Coração que palpita por um nada em que acredita! Um Coração que chora, mas que dentro de uma hora... se recompõe! Um Coração que perdoa mas que sem saber também magoa, também sofre e faz sofrer! Um Coração que se entrega ao que sente, e que mesmo quando mente, ele sente, sente e sente... Pobre de ti Coração Amante que vives numa onda angustiante de nunca saberes onde vais parar! Pobre de ti Coração Amante que te enganas em camas flutuantes sem saber que maré te vai levar! Coração Amante, onde está essa alma gigante que tanto te vinha salvar? Flutuaste nessa cama e acreditas-te que a maré viria te buscar? Um Coração que se angana e que acaba na chama de uma frustração!!! Chora Coração, chora! Chora teu lado amante, Chora teu peso, tua alma gigante Tua cama, seu Coração frustrante Que te deixaste levar não importa onde... Eu avisei! Eu avisei... Eu avisei que as ...

Nunca Ninguém

Nunca ninguém será meu Tal como também não quero ser tua Porque sinto que meus sonhos são tão longínquos Que me levam além da lua... Nunca terei ninguém Senão a mim mesma Para erguer-me do chão E caminhar na certeza Nunca te cobrarei o preço do amor Porque o coração pode sentir tanto Que às vezes pesa tanta dor... Nunca seguirei passos que não sejam os meus Ainda que veja ao longe tua existência partir, Ainda que a distância façam parte dos sonhos teus Terei sempre muita certeza por onde quero ir... E parto descansada na jornada da vida Sem ter que ir atrás dos teus passos, destemida Sem alimentar essa cadência de ser mulher já sem o ser.

Carta a um Amigo Especial

Poderia dizer mil e uma coisas sobre o que sou ou o que sinto, Mas acho que o vais sabendo. É uma tarefa que quero atribuir ao tempo... Poderia falar-te mais dos meus medos e dos meus fantasmas, Mas ao falar deles estou a despertá-los em mim... E por isso prefiro que o tempo os faça voar para longe de mim... Poderia falar-te sobre os meus sonhos e expectativas, Mas muito depressa aperceberias que o que eu quero é NADA! Muito depressa irias olhar para mim como um ser vazio, Entregue a si mesmo... Muito depressa irias entender que no meu mundo só existe espaço ainda para sentir amores e dissabores... Mas simplesmente sentir! Poderia falar-te na minha alegria de viver... Mas prefiro que a sintas, que vibres com ela, que a transmitas e te recordes em cada gargalhada que deres, em cada suspiro ou gemido... Que te recordes, contagies e eternizes o eco dessa gargalhada que também é minha! Poderia falar-te da forma como penso... E dizer-te simplesmente que os meus pensamentos não são mais ...

Coisas do Nada

Ai o tempo fútil que corre! Gentes perdidas em labirintos a passos largos da iluminação! Máquinas, carros, indústrias, informática e tecnologia Vendedores de sonhos enganosos, falsas conquistas da evolução... Ai tempo inútil, Tempo gasto pelas palavras que se jogam ao vento! Palavras sem sentido que se dizem por dizer, Horas gastas no egoísmo do momento... Vãos são os momentos em que nos deitamos com a cólera, Os momentos em que passeamos de mãos dadas com a aparência E que nos servimos dos frágeis para colmatar a eterna transparência...

Adeus...

Adeus, Pedaço de mim que me rejeitas... Adeus, Parte de mim que te quebras na caminhada. Partes de mim desfeitas Que não encontram forma de se encontrar... Adeus, Medo ambulante que me paralisa. Adeus, Onda gigante que me sufoca. Partes em mim consolidadas que ficam comigo na magia dessa forma de se torturar... Adeus, Gentes estranhas que me rodeiam. Adeus Falsos amigos com quem me cruzei. Partes de histórias que não fazem mais parte de mim que ficam comigo na lembrança daquilo que há de mais vulgar... Adeus, Vulgaridades do dia a dia, Adeus arco-iris, Adeus magia. Adeus... pedaços de mim e de ti que ainda restam... Adeus nesse adeus de despedida... E guardo sempre essa vontade cruel De dizer, gentilmente: Adeus Mentira!

Quem disse?

Quem disse que há noitinha o coração não me gela E que a solidão arranha este pesado coração ainda que meus olhos estejam cerrados? Quem disse que o sol não me queima e me incendeia E que vivo aprisionada nessa flexa que me atinge sem me magoar? Quem disse que à noite não choro baixinho E que os fantasmas não me atormentam a alma talhada pelos momentos sombrios da vida? Quem disse que não procuro um abrigo E que procuro andar de mãos dadas com o perigo para me poder, enfim, salvar? Quem disse que não te procuro insconscientemente E que meu corpo ausente já nem te reconhece nem se preocupa em te encontrar? Quem disse que a minha voz é sempre trémula E que não tenho medo da escuridão mesmo que ainda seja dia? Quem disse que a fraqueza de que me visto é a minha melhor arma E que as espadas com que luto são feitas de aço?