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A mostrar mensagens de junho, 2010

Companhia

Eu queria apenas três dedos de magia que me pusessem a sonhar! Eu queria que de noite ou de dia tivesse uma companhia que me pudesse acompanhar! De manhã queria ter alegria, um sorriso longo que me despertasse o viver e de noite o carinho verdadeiro de harmonia que me fizesse embalar! Quero o gesto terno na longevidade que me acompanhasse na idade onde quer que eu vá acabar! Sonho com os momentos de prazer que me dão de comer noite e dia sem parar para que me coração viva habitado como poeta, como ganso que vive de amor para receber e para dar! Sonho viver de companhia, de amor verdadeiro que me faça sustentar e erguer para que o peso da vida seja menos e eu viva intensamente cada um dos momentos desta coisa de viver... Eu só quero uma companhia ... assim como eu destemida, que não tenha medo de viver, de chorar ou de sofrer mas que nunca perca a vontade de sorrir, o toque do toque num momento de angústia ou prazer! Apenas viver, viver e viver... em harmoniosa companhia...

Feliz Vida, Mãe!

Eu poderia escrever todas as palavras do mundo nesta folha. Poderia escrever o quanto te amo neste amar profundo que nos prende, algo que se sobrepõe ao tempo, ao espaço e à distância, algo que se alimenta da convicção da nossa existência, ainda que sofrida, ainda que talhada, ainda que tumultosa, ainda que falhada! Quem seria eu senão fosse o teu abraço ou o teu "Não", o teu sofrer de perdição a que assisti sem saber porquê porque a criança que em mim habitava não tinha noção do que se passava, até aos dias de então... E mesmo que a vida nos dê toda a distância ela também nos aproxima como mãe, como filha... Como coração que longe está perto e na ausência desse aconchego sente-se a dor solta no deserto numa ausência que nos mata tamanha a nossa cumplicidade! Ainda que a vida seja toda ela nada Prefiro acordar a meio da madrugada E ter alguém que me invade os sentidos E me faz perder nas histórias da infância Onde continuamos a acreditar que tudo é lindo e belo E que o que ve...

Nostalgia

O ritmo da vida deixou de ser o mesmo, Grande estupor! Eu esperava feita desesperada Por aquele som baixinho ao meu ouvido. E no cair da noite Fingia-me perdida Para ouvir-me sussurrar "Boa noite, Coisinha!" Baboseiras desperdiçadas, Apagadas pelo tempo. Palavras doces no ouvido de criança, Embalada pela boneca do meu lado Que parecia ter mais vida do que eu... Nas paredes ecoavam os sons da noite E a escuridão reflectia a minha sepultura. A vida de cipreste só agora começou E já são tantas as saudades Que fico com saudades Da criança que me deixou... 3.11.2006